domingo, 18 de abril de 2010

Lua Vermelha



Lua vermelha, deusa da noite sem luz e sem treva.
Luz que me guia em meio a escuridão para algum lugar além da consciência humana, tão toldada pela ganância e pela ambição...pensamentos vãos.
De longe, escuto o cantar de teu irmão, o mar.
Estou entre os céus e a terra, no porão do navio negreiro, sendo levado à terras desconhecidas por aqueles que acham que dominam o mundo, unicamente por terem a pele branca!
Que noite é essa, Lua vermelha?
Que noite estranha!
Lua vermelha, o que tinge tua forma com esse cor rubra?
No balanço das ondas, entro em harmonia contigo, Lua vermelha.
Quem me pariu foi o ventre dum navio, quem me ouviu foi o vento no vazio, de um ventre escuro do porão.
Vou baixar no teu terreiro.
Eita Raio, Machado e Trovão!
Vem, luar, brilhe sobre mim, com tua luz vermelha!
Ó, grande mar, molhe meu corpo, refrigera meu corpo, dá-lhe um pouco de crença num futuro de esplêndor!
Lua e Mar, deuses da Criação!
Minha pele negra, escura, esconde tua força, tua raça em mim.
Meu umbigo torna-se teu centro.
No escuro do porão, eu vejo o teu clarão, que enegrece e turba a visão de meus inimigos na carne e no espírito, Lua avermelhada.
Lua que menstrua sobre os homens...
Lua que menstrua sobre os que não são homens...Derrame teu sangue nessas costas marcadas por chicotes e sal.
Desoriente os homens que levam minha semente para terras de ninguém, como se minha semena fosse algum objeto feito para seu bel-prazer.
Oriente-nos no caminho do sangue e da glória.
É a guerra apocalíptica que se aproxima.
É a mudança das eras...
É a união das raças e sexos...a unificação dos homens, para a sobrevivência do Universo.

Freud explica?



Ele acordou no meio da noite, suando frio, coração batendo forte, acelerado, mal conseguindo respirar. Teve um sonho estranho; algo realmente excepcional. Um sonho tão real quanto a cueca vermelha cor de sangue que pôs, após o banho.
“Como pode ser isso? É loucura!”, pensou ele.
No dia anterior, quando chegou a sua casa, depois de um longo e cansativo dia de trabalho no escritório, tomou um banho quente, ligou a televisão, assistou à novela das oito e ao noticiário das onze. Já havia jantado, mas, antes de deitar-se, tomou um pouco de chocolate quente com torradas e geléia de morangos.
Foi para o seu quarto, deitou sobre a cama de casal, ligou o seu aparelho de som moderno com 3 cds. Escolheu o disco número 2.
Maria Bethânia interpretava uma canção do Buarque:

“ ...Dia ímpar, tem chocolate,
dia par, eu vivo de brisas.
Dia útil, ele me bate,
dia santo, ele me alisa.
Longe dele, eu tremo de amor,
na presença dele, eu me calo.
Eu, de dia, sou sua flor e de noite sou seu cavalo...
A cerveja dele é sagrada...”

Não conseguiu terminar de ouvir a canção.
As lembranças de seu falecido amor, adormecidas em sua memória, voltaram. Lembrou-se da maneira que faziam amor nessa mesma cama onde se encontrava. Aquele fogo, aquele sexo umas vezes selvagem e outras doce e suave que tanto o enlouquecia.
Começou, sem que percebesse, a passar, vagarosamente, sua mão em seus mamilos, em sua barriga...
Com todas as forças que aquele desejo de sexo lhe deu, pediu aos céus e ao inferno que lhe permitissem tê-lo dentro de si por mais uma vez.

“Que pensamento é esse, menino, ele já se foi. Não seja ridículo”, censurou-se.

Adormeceu, quando faltavam apenas uns poucos minutos para a meia-noite.
Sonhou que batiam a sua porta, numa noite de chuva. Quando a abriu, para sua surpresa, viu que era o seu amado. Ficou sem ação.

“Sentiu minha falta, querido?”, ele quis saber.
“Eu...eu...você...”, foi somente o que ela conseguiu balbuciar.

Ele simplesmente o tomou nos braços, conduziu-o até o quarto, jogou-o na cama.
Retirou suas roupas, jogando as peças em qualquer lugar, como só ele fazia. Bejou-o, ardentemente da cabeça aos pés.
Encostou seus lábios nos lábios dele; encostou seu umbigo no umbigo dele... encostou seu sexo no dele.
Amaram-se.
Ele entragava-se ao outro como jamais antes, de uma maneira quase etéra. Passado um certo tempo ( mais do que eles já estiveram juntos, se amando ), ouviam-se trovões, viam-se relâmpagos.
Uma tempestade caia lá fora, porém, inexplicavelmente, era sobre ela que a chuva agora caia. Sobre seu corpo negro como a noite, caiam as gotas de uma certa chuva branca.
Quando ele alcançou o orgasmo ( o mais intenso e maravilhoso de toda a sua vida ), tornaram-se a beijar-se. Depois, ele foi ao banheiro, afirmando que necessitava se lavar. Então, ouvindo apenas o som da água do chuveiro cair no chão do seu banheiro impecavelmente limpo, entregou-se ao sono.
Estava exausto.
Mas, justamente na hora em que ele dormiu, no sonho, acordou como se tivessem gritado o seu nome no meio da noite.
Acordou no meio da noite, suando frio, coração batendo forte, acelerado, mas conseguindo respirar. Teve um sonho estranho. Um sonho tão real quanto a cueca vermelha cor de sangue que...já não usava.

“Que ruído é esse?”, assustou-se, quando, depois de acalmado-se, ouviu um som vindo do banheiro: era o chuveiro que estava ligado.
Viu, para o seu espanto, a toalha azul que estava largada de qualquer maneira, como sempre acontecia, quando o seu falecido amor terminava o banho.

“Há certas coisas que, nem a morte pode mudar!”, foi o que se pegou pensando, enquanto uma pequena garoa caia lá fora.

Coesão



Depois de um longo dia de serviço,
no final de um sábado,
pelos lados do Aterro do Flamengo,
surge o deus Sol colorindo o horizonte, com a cor rubra da paixão e do pecado da carne,
o mundo que, até então, era acinzentado.
Até então, tudo ao meu redor era cor de nada,
tudo cheirava a nada,
tudo fedia a nada.
Só monotonia.
Ele, o deus Sol, chega, abrasando-se, irradiando todo o seu calor,
toda a sua força esplêndida,
toda a sua mágica,
toda a sua feitiçaria divino-humana.
Ah, quanto desejo!
Ah, quão doce a sua vinda!
E tudo se tornou novo e inédito.
Por volta das 19hs,
no fim de um dia de sábado,
depois de muitas horas de serviço,
ele surge, o Sol.
Lá, no apartamento da rua Marquês de Abrantes, ponho-me a mirá-lo,
a observá-lo, a imaginá-lo na sua mais sublime forma:
Nu.
Aí, ele me olha e sinto, no seu olhar, a malícia,
o pedido mudo que os seus olhos incandecentes lançam sobre mim,
como lava sobre a terra;
me abraça,
esfrega o seu corpo iluminado no meu,
me beija,
me revela,
me desnuda,
me suga,
me sorve,
me chupa,
me seca,
me molha...
Quanta ação!
Ele me quer,
está sedento por mim: posso senti-lo
Ah, bendito!
E ele vem, se aproxima, se chega,
e o meu corpo negro se eriça,
se arrepia e o meu sexo lateja.
Chega a pulsar, como o meu coração...
Bum, bum, bum...
Ah, maldito!
E ele vem.
Me agarra,
me beija ,
me sarra,
me lambe,
me suga,
me sorve,
me chupa...
Um completo rito amoroso, entre o humano e o imortal.
Ele, como somente ele sabe fazer,
me lava na banheira
me cozinha na cozinha,
me prepara na sala...
me come no quarto.
E como come!
Pede-me lincença para entrar e eu lhe dou.
E ele entra devagar, assim como se nada quisesse,
vem de mansinho, de forma inócua,
e cada centímetro do meu ser sente a sua força,
o seu domínio, o seu calor.
Desejo mais, mais, mais, mais...
Deixa o meu ser, cansado,
amassado.
E ele sua, e nós suamos.
Aí, ele, o deus Sol, esparge sobre mim a sua tempestade branca;
enquanto o seu corpo místico estremece;
enquanto eu me ardo,
e me queimo na cama!
Que dor!
Contudo, agora,
o meu bem foi-se embora,
e foi para voltar nunca mais.
Passou o tempo e já não o posso contemplar,
pois o movimento giratório da Terra ,
que não pára um segundo,
mudou as nossas vidas e levou-o para outra terra...Outro céu.
Contudo, permaneço aqui, sozinho desde aquele dia trágico,
sem a sua luz, sem o seu fogo...sem o seu amor.
No final desse dia,
vejo a Lua aparecer entre as nuvens frias do céu.
Tudo ao meu redor cheira a nada ,
e a nada fede: só monotonia e repetição.
Os meus dias voltaram à sua normalidade cinza,
o meu corpo retoma a sua frieza...
Somente o meu coração ainda guarda o calor daquele amor.

domingo, 11 de abril de 2010

A Recompensa





Todo santo dia, para aquele rapaz, é uma surpresa.
Espera, com ansiosidade, o seu Macho voltar para casa, após um dia de trabalho.
Prepara o jantar, faz o suco que ele tanto gosta, escolhe um dos discos de sua cantora preferida.
Debaixo do chuveiro, imagina mil maneiras de sedução, mil palavras obscenas que o seu Negro, talvez, possa proferir e isso o deixa excitado.
A água fria dança pelo seu corpo, enquanto ele acaricia o seu peito, sua virilha, bunda.
Pega um sabonete neutro e, com delicadeza, higieniza o seu cu rosado, deixando-o bonito e cheiroso como o seu Preto manda.
Acaba-se o banho; é hora de enxugar-se, vestir-se, pois o Macho se aproxima de casa.

Durante o dia, mal pode suportar a hora que se arrasta, porque deseja ardentemente o corpo e o calor do seu Homem.
Mas, quando a noite toma o lugar do dia, ele sua frio, se inquieta.
Longe dele, ele treme de amor.
Na presença dele, se cala.

Sua alma não é mais sua: o Negro é o seu Dono e faz o que bem entende daquele homem.
Ri abertamente das declarações de amor que o outro faz, das paixões que o outro demonstra.
De dia, o Negro o trata como se fosse uma flor frágil, lhe dispensa os seus abraços, o calor do seu corpo...
De noite, a mão que acariciou lhe dá tapas na cara, quando o outro não chupa o seu pau direito, nem rápido, nem devagar.
Monta sobre o outro, como se esse fosse o seu cavalo doméstico e enfia o seu caralho sem pena, sem pudor, fazendo o seu passivo suar, deixando o seu cu rosa em brasas, ardendo de prazer e de agonia.

O Negro chega em casa.
O branco, mais que depressa, põe-se de pé, cabeça baixa, mostrando servidão.

"Boa-noite, Macho!"
Silêncio.
"Preparei o teu prato predileto e fiz um suco pra refrescar..."
Após um breve silêncio...
"Jogue no vaso, não mandei fazer suco. Traga minha cerveja!"

O outro sente-se humilhado, vê todo o seu empenho ser desprezado. Contudo, sabe que, no fundo, o Negro apreciou os seus esforços.
Apanha uma lata de Tutankhagen Brew, procura o melhor o seu melhor copo e serve ao seu Dono.
O Negro, já acomodado sobre o sofá, camisa desabotoada, só observa e se delicia ao ver o quanto domina aquele outro.

"Vem até aqui!"

E ele vem, cabeça baixa, e se ajoelha.

"Sabe o que deve fazer."

Sim, ele sabe.
Como um vira-latas, lambe os pés do Negro, com tanta devoção e respeito.
O Negro se diverte.
Após um instante, um Kopenhagen cai ...

"Obrigado, meu Senhor.
Não mereço tanto, mas obrigado!"

sexta-feira, 26 de março de 2010

Ensaboa, mulata



"Ensaboa, mulata, ensaboa. Ensaboa.
Tô ensaboando..."

As águas que passam e perpassam pelo que me é físico
espero que tenham a bondade de limpar-me do teu cheiro, suor e digitais!

"Ensaboa, mulata, ensaboa..."

O Estigma



Aquele negro era maldito, e sabia disso.
Fazia questão de jamais se esquecer de sua condição: Ele carregava um dos 7 Pecados.
Nasceu Negro, sob um teto de Negros, aprendeu a língua Negra, se alimentou do angu e da farofa, jogou Capoeira; cultuou as Divindades, Santos e Orixás, raspou sua cabeça Negra, foi possuido no grande Terreiro.
"Zin fio, é de Keto", lhe sentenciou um velho caboclo na Ciranda.
-Moço, moço - uma mulher chama, temente - apague essa candeia. Deixe tudo no breu, porque é a hora do Ponto!

Okê arô!
Okê arô okê!

Entoavam os pretos, rodando na Ciranda.
Em instantes, os homens e as mulheres despojaram-se de sua condição humana e tornaram-se Cavalos, prontos para serem "montados" por suas entidades.
Era a hora da união plena do Maldito com o seu Senhor; momento da comunhão, pela qual tão ansiava.

Acabada a festa, os caboclos, pretos-velhos e orixás subiram.
Só restou um: O Dono do Negro marcado.
E era um Exu sedento por carne humana, amante do suor dos homens.
E naquela noite resolveu saciar os seus desejos mais promíscuos, mais abomináveis em relação aos homens.
Chamou um dos ogans do barracão, o qual veio sem hesitar.
Quando a porta do cômodo se fechou, não houve mais necessidade de falar: os olhos disseram tudo.

O coração acelerado não se fazia de rogado, o tesão corria pelo corpo como uma descarga elétrica e pênis, virtualmente ereto, se livrara dos panos e já começava a molhá-los, lubrificando-os.

O jovem Ogã desejava ser possuido por Exu, sentir a força de sua energia, o peso daquele corpo sobre o seu. Por isso, subjugou-se tão facilmente, tão subservientemente se abandonou ali.

Ajoelhou-se, quando viu o pau preto do homem a quem Exu possuira, chegando a salivar tão belo era o falo.

Preto.
Grosso.
Ponta vermelha como o fogo do inferno.
Saco grande.

Jamais vira um como aquele.
Aquele pau era tão naturalmente especial ou a presença da entidade lhe aumentava o valor?

Chupou muito aquele mastro, deixou molhado.
Entrou em transe espiritual, pois cada gota que surgia naquele piru lhe caia como alucinógeno.
Depois de chupar, lamber e de cheirar tudo o que pôde, Exu lhe mandou virar-se, e colocar-se como um bicho.
Ogã obedeceu.

Exu sorriu, maldosamente.
Aquele sorriso frio e calculista de alguém que está no controle.

Passados segundos, o fez deitar-se sobre o sofá, levantou-lhe as pernas e ...
O grito não pôde ser contido!
Era como se um ferro em brasa penetrasse aquele cu raspado!

Quem se encontrava nos cômodos vizinhos não teve como fingir que não ouviu.
Mas nenhuma alma ousou falar sobre isso, pois sabiam todos que Exu reinava ali, que aquele menino era a presa do dia.

Aquela bunda estava suada e aquele cu mais que molhado, à espera da penetração.
Mas não contava que seria tão infernalmente quente o pau daquele Ser.

Quando o pau encostou no cu do Ogã, seu espírito foi arrastado com uma força descomunal a um lugar desconhecido entre o espaço e a ausência do mesmo e foi como se nada mais se movesse no Universo, exceto aquele negro debruçado sobre o seu corpo nu.
Ele não era nada, além de comida. Exu o comia com tanta força, com tanta selvageria, com tanta sede, que seu sangue derramava-se pelo sofá. Mas a dor sumira da terra, naquele instante.
O grito era puramente prazer!
Um prazer tal qual nenhum outro homem seria capaz de proporcionar...

Exu subiu!

Okê arô!

A maldição daquele Negro, acredito, que já esteja clara.

sábado, 6 de março de 2010

Ainda sou o Rei



O Negro resolveu passear pela sua propriedade, para constatar, atravém dos próprios olhos, a veracidade do que lhe disseram: A sua terra estava morrendo.
Quando vieram com essa má notícia, ele resistiu, não deu ouvidos; afinal, a sua terra era fértil, frutífera, abundante.
Muitos desfrutaram dela, comendo dos seus frutos, fartando-se como bem entendiam.
Negros, pardos e morenos, daqui e de acolá a conheceram, experimentaram.
E ela nunca falhou.
Jamais.
O Negro a adquiriu há quase 6 meses atrás e, após 3 meses de estudos e comparações, a escolheu para ser sua.
Não se arrependeu em instante algum de sua decisão, desde então.
Obviamente, houve momentos em que teve a impressão de ter feito a escolha errada, de ter sido um pouco precipitado, mas tais momentos sempre foram curtos e um simples passeio com os olhos era suficiente para espantar tais pensamentos de si.
Jamais aceitou a idéia de dividir sua terra com alguém, pois ele, somente ele, deveria ser o Dono absoluto. Sempre.

Não nasceu para dividir as suas coisas, seu senso de posse era tamanho.
Por 3 vezes, permitiu que estranhos a conhecessem:
Na primeira ocasião, veio 1 rapaz das terras mageenses ; o qual almoçou em sua companhia, pousou para fotos que alimentaram o seu ego e, após o Negro se afastar de propósito, brincou em sua terra.
Esse, quase O comeu.
Na segunda ocasião, o próprio Negro convidou um estranho para um passeio; o qual não quis almoçar, apenas matou a sede com dois ou três copos d'água, tamanha era o seu interesse em comer a terra, que o chupou com a maestria e a experiência que os anos lhe deram.
Esse, o comeu.
E comeu com gosto, com força, deixando o seu suor por toda a parte.
A terra não parecia estar totalmente entregue àquele ritual, contudo, o fez, o aceitou, porque o seu Dono havia determinado.
Enfim, a derradeira experiência.
Dois estranhos chegaram e chamaram pelo Negro nas primeiras horas da manhã.
Queriam muito se divertir naquele solo branco. Enfim, todos foram apresentados e gostaram do que viram.
O Negro os deixou à vontade, lhes concedeu ampla liberdade e, por uns instantes, agiu como se os dois fossem seus sócios.
Beijaram a terra, lamberam-na.
Foram lambidos e chupados por ela.
Comeram-na.
Se lambusaram ali, fartaram-se sem vergonha ou tímidez.
Usaram um certo ópio, que os excitou ainda mais.
Uma orgia, um bacanal, tal qual os das antigas Grécia e Roma.
Doces e Amargos tempos...

Agora, eis ali o Negro, com passos lentos e olhar distante, se perdendo em várias teorias na tentativa ( até agora vã ) de explicar essa escassez súbita.
A sua terra, simplesmente, não lhe dá alimento há dias.
Está fria, seca, sem razão aparente.
O que acontece?
O que faz a sua propriedade tão jovem, com apenas 31 anos se perturbar dessa maneira?
Sua terra adoeceu?
Secou?
Será que o jovem Negro perdeu o espaço?
Ele o ama, é verdade. Mas precisa comer.
Tem fome.
Se acostumou a comer várias vezes na semana, a brincar com a sua terra todos os dias e vê-la, quase que diariamente, jorrando o leite que ele aprecia tanto...que tanto o excita.

Outras terras começam a chamar, a gritar, por sua atenção e, até esse instante, o Negro não lhes deu atenção. Por mais belas e aparentemente ricas e fartas que pareçam, ainda, estão muito aquém do mínimo para atrair toda a sua atenção e todo o seu desejo de posse.
De dia a esperança...de tarde a frustração.

A hora de migrar finalmente veio?
Não sei, não sei.
Mas uma coisa é certa: o solo branco ainda tem o cheiro do mijo do Negro, ainda tem, visíveis, as gotas de sua porra grossa.

E isso só tem um significado: O Negro ainda é o Dono dessa merda!

sexta-feira, 5 de março de 2010

O Cetro do REI




"E o Cetro do Rei regerá aos de alma servil.
Todos se prostrarão aos seus pés e beberão o líquido que dele jorrar...", liam-se as palavras da profecia antiga.
Todos os que ouviram gritaram em uníssono: "Amém!".

sábado, 13 de fevereiro de 2010

A Porra...O Mijo





Existe um ser nessas terras, criatura das terras das sombras,
que vaga descalço pelas ruas, vielas e becos dos corpos humanos.
Um jovem negro, de corpo e de alma negros.
Em sua alma só há treva e perturbação.
Mas uma coisa é certa: veio para reinar nessa terra e subjugar os de espírito servil.
Escravos, escravos...
Vermes que rastejam e imploram pelo seu asco.
Cachorros imundos e sujos que fazem do suor do seu corpo o elemento de vida;
que fazem do seu sexo o caminho do horror e do êxtase.
Servos sedentos de seu leite concentrado.
E jorra, jorra...
Jatos saem do seu sexo rígido em direção aos seus.
Ah, que prazer lhe dá ao ver o quão ansiosamente esperam eles para ser molhados, para beber o líquido de vida.
O gozo vem e vai...
Fica uma bexiga cheia de mijo.
"Alguém terá de recebê-lo!", ele pensa.
"Você, abra a boca!", ordena.
O outro faz cara de espanto, mas sabe que não tem escolha: terá de obedecer às ordens do Macho.
Shhhiii...shhhiii....
Outrora uma boca com dentes bem tratados; agora não passa de um pinico ambulante.
"Engula tudo!"
E o Negro se satisfaz, e até acha graça, naquela careta do passivo a sua frente, se esforçando para ingerir cada gota daquela bebida quente, de cheiro forte.
Suja.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Revelação





Eu gosto da imagem que o espelho reflete, quando ponho-me a mirá-lo.
Eu gosto do que sai de mim, e, mesmo assim, permanece onde está.
Eu gosto do entra no que sai de mim, e, mesmo assim, permanece onde está.
Eu gosto do Sol, pois ele, somente ele, tem o poder de me deixar-me em brasa, quando levanta-se sobre nós.
Eu gosto de ir atrás.
Eu gosto de gosto de alguém, que, de uma certa forma, sou eu.
Eu gosto de gostar do que gosto: me dá prazer, me desperta desejos.
Eu gosto de gostar do que gosto.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

O Anjo Remido





Era um anjo belo, invejado pelos demais anjos por sua beleza, por sua intensa luz.

Mas sentia-se infeliz, sentia-se só, ainda que cercado por uma incontável multidão, até que aquele Ser surgiu entre os imortais.

Ninguém sabia de onde viera, quem o criara, ou qual era o seu objetivo.

Apenas surgira.

Era um Ser Negro.

Era um Ser negro, com uma alma escura, de olhos sábios, andar silencioso e poucas palavras.Mas a sua força, o seu poder, eram tão perceptíveis...quase tangíveis.

"Ele é o meu Destino", pensou o Anjo.

Não havia mais seres, angelicais ou não, que existissem nos céus e no mundo dos mortos.Só havia aquele Ser negro.

O Negro ergueu o seu olhar ao alto, onde residia o anjo branco, e, apenas com os seus olhos ordenou: "Desça, Anjo iluminado, far-te-ei conhecer os meus Infernos!"Ao peso daquele olhar, tremeu o anjo branco.

Tremeu, suou, e rezou ao seu criador para lhe dar forças, para ajudar-lhe a resistir ao inimigo de sua alma...que, inexoravelmente, também era o amigo de sua alma. O ser que lhe daria a vida sonhada desde o gênesis de sua existência.Mas o seu criador não lhe atendeu (talvez por não desejar atendê-lo). Seria para isso que o criara? Para entregar o seu Anjo ao poder demoníaco daquele Ser negro.O tempo passou e a força magnética aumentava.

Era cada vez mais irresistível a voz grave e infernalmente deliciosa daquela criatura.

"Venha para mim...te espero em minhas recâmaras..."

Num belo dia quando o Criador dormia, o Anjo abriu as portas celestiais e desceu...desceu...desceu...Encontrou-se com o seu Dono, com o Senhor de seus suspiros, na terra.

Houve o sexo mais terrível de todos os tempos.

Houve dor, sangue, humilhação e prazer como jamais se viram iguais.

A terra estremeceu, tamanha a força dos seres imortais.

Sim, sangue jorrou, pois os espíritos só recebem permissão para pisarem aqui se lhes forem criados corpos ( ainda que provisórios). Era uma transa (des)humana, angelico-demoníaca que se abateu sobre o planeta que desestruturou os alicerces fundados desde o "no príncipio, criou Deus os céus e a terra..."

A grande hora chegou: a hora do clímax.

Que clímax!

Ouviam-se os urros, os grunhidos; e foi tão forte ,tão intenso que o mar se agitou e o sol escureceu...Só houve morte.

O Negro pegou a coleira, prendeu-a ao pescoço do anjo branco e mandou-lhe declamar o Juramento Eterno.Acabando o juramento, levou para o seu lar de fogo.Onde mantem o Iluminado eternamente cativo por seu poder e por seu sexo.Ali, prostrado como bicho, humilhado e amarrado como nada, aquele Anjo experimentou pela primeira vez a verdade da palavra REDENÇÃO.