sábado, 13 de fevereiro de 2010

A Porra...O Mijo





Existe um ser nessas terras, criatura das terras das sombras,
que vaga descalço pelas ruas, vielas e becos dos corpos humanos.
Um jovem negro, de corpo e de alma negros.
Em sua alma só há treva e perturbação.
Mas uma coisa é certa: veio para reinar nessa terra e subjugar os de espírito servil.
Escravos, escravos...
Vermes que rastejam e imploram pelo seu asco.
Cachorros imundos e sujos que fazem do suor do seu corpo o elemento de vida;
que fazem do seu sexo o caminho do horror e do êxtase.
Servos sedentos de seu leite concentrado.
E jorra, jorra...
Jatos saem do seu sexo rígido em direção aos seus.
Ah, que prazer lhe dá ao ver o quão ansiosamente esperam eles para ser molhados, para beber o líquido de vida.
O gozo vem e vai...
Fica uma bexiga cheia de mijo.
"Alguém terá de recebê-lo!", ele pensa.
"Você, abra a boca!", ordena.
O outro faz cara de espanto, mas sabe que não tem escolha: terá de obedecer às ordens do Macho.
Shhhiii...shhhiii....
Outrora uma boca com dentes bem tratados; agora não passa de um pinico ambulante.
"Engula tudo!"
E o Negro se satisfaz, e até acha graça, naquela careta do passivo a sua frente, se esforçando para ingerir cada gota daquela bebida quente, de cheiro forte.
Suja.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Revelação





Eu gosto da imagem que o espelho reflete, quando ponho-me a mirá-lo.
Eu gosto do que sai de mim, e, mesmo assim, permanece onde está.
Eu gosto do entra no que sai de mim, e, mesmo assim, permanece onde está.
Eu gosto do Sol, pois ele, somente ele, tem o poder de me deixar-me em brasa, quando levanta-se sobre nós.
Eu gosto de ir atrás.
Eu gosto de gosto de alguém, que, de uma certa forma, sou eu.
Eu gosto de gostar do que gosto: me dá prazer, me desperta desejos.
Eu gosto de gostar do que gosto.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

O Anjo Remido





Era um anjo belo, invejado pelos demais anjos por sua beleza, por sua intensa luz.

Mas sentia-se infeliz, sentia-se só, ainda que cercado por uma incontável multidão, até que aquele Ser surgiu entre os imortais.

Ninguém sabia de onde viera, quem o criara, ou qual era o seu objetivo.

Apenas surgira.

Era um Ser Negro.

Era um Ser negro, com uma alma escura, de olhos sábios, andar silencioso e poucas palavras.Mas a sua força, o seu poder, eram tão perceptíveis...quase tangíveis.

"Ele é o meu Destino", pensou o Anjo.

Não havia mais seres, angelicais ou não, que existissem nos céus e no mundo dos mortos.Só havia aquele Ser negro.

O Negro ergueu o seu olhar ao alto, onde residia o anjo branco, e, apenas com os seus olhos ordenou: "Desça, Anjo iluminado, far-te-ei conhecer os meus Infernos!"Ao peso daquele olhar, tremeu o anjo branco.

Tremeu, suou, e rezou ao seu criador para lhe dar forças, para ajudar-lhe a resistir ao inimigo de sua alma...que, inexoravelmente, também era o amigo de sua alma. O ser que lhe daria a vida sonhada desde o gênesis de sua existência.Mas o seu criador não lhe atendeu (talvez por não desejar atendê-lo). Seria para isso que o criara? Para entregar o seu Anjo ao poder demoníaco daquele Ser negro.O tempo passou e a força magnética aumentava.

Era cada vez mais irresistível a voz grave e infernalmente deliciosa daquela criatura.

"Venha para mim...te espero em minhas recâmaras..."

Num belo dia quando o Criador dormia, o Anjo abriu as portas celestiais e desceu...desceu...desceu...Encontrou-se com o seu Dono, com o Senhor de seus suspiros, na terra.

Houve o sexo mais terrível de todos os tempos.

Houve dor, sangue, humilhação e prazer como jamais se viram iguais.

A terra estremeceu, tamanha a força dos seres imortais.

Sim, sangue jorrou, pois os espíritos só recebem permissão para pisarem aqui se lhes forem criados corpos ( ainda que provisórios). Era uma transa (des)humana, angelico-demoníaca que se abateu sobre o planeta que desestruturou os alicerces fundados desde o "no príncipio, criou Deus os céus e a terra..."

A grande hora chegou: a hora do clímax.

Que clímax!

Ouviam-se os urros, os grunhidos; e foi tão forte ,tão intenso que o mar se agitou e o sol escureceu...Só houve morte.

O Negro pegou a coleira, prendeu-a ao pescoço do anjo branco e mandou-lhe declamar o Juramento Eterno.Acabando o juramento, levou para o seu lar de fogo.Onde mantem o Iluminado eternamente cativo por seu poder e por seu sexo.Ali, prostrado como bicho, humilhado e amarrado como nada, aquele Anjo experimentou pela primeira vez a verdade da palavra REDENÇÃO.