domingo, 18 de abril de 2010
Freud explica?
Ele acordou no meio da noite, suando frio, coração batendo forte, acelerado, mal conseguindo respirar. Teve um sonho estranho; algo realmente excepcional. Um sonho tão real quanto a cueca vermelha cor de sangue que pôs, após o banho.
“Como pode ser isso? É loucura!”, pensou ele.
No dia anterior, quando chegou a sua casa, depois de um longo e cansativo dia de trabalho no escritório, tomou um banho quente, ligou a televisão, assistou à novela das oito e ao noticiário das onze. Já havia jantado, mas, antes de deitar-se, tomou um pouco de chocolate quente com torradas e geléia de morangos.
Foi para o seu quarto, deitou sobre a cama de casal, ligou o seu aparelho de som moderno com 3 cds. Escolheu o disco número 2.
Maria Bethânia interpretava uma canção do Buarque:
“ ...Dia ímpar, tem chocolate,
dia par, eu vivo de brisas.
Dia útil, ele me bate,
dia santo, ele me alisa.
Longe dele, eu tremo de amor,
na presença dele, eu me calo.
Eu, de dia, sou sua flor e de noite sou seu cavalo...
A cerveja dele é sagrada...”
Não conseguiu terminar de ouvir a canção.
As lembranças de seu falecido amor, adormecidas em sua memória, voltaram. Lembrou-se da maneira que faziam amor nessa mesma cama onde se encontrava. Aquele fogo, aquele sexo umas vezes selvagem e outras doce e suave que tanto o enlouquecia.
Começou, sem que percebesse, a passar, vagarosamente, sua mão em seus mamilos, em sua barriga...
Com todas as forças que aquele desejo de sexo lhe deu, pediu aos céus e ao inferno que lhe permitissem tê-lo dentro de si por mais uma vez.
“Que pensamento é esse, menino, ele já se foi. Não seja ridículo”, censurou-se.
Adormeceu, quando faltavam apenas uns poucos minutos para a meia-noite.
Sonhou que batiam a sua porta, numa noite de chuva. Quando a abriu, para sua surpresa, viu que era o seu amado. Ficou sem ação.
“Sentiu minha falta, querido?”, ele quis saber.
“Eu...eu...você...”, foi somente o que ela conseguiu balbuciar.
Ele simplesmente o tomou nos braços, conduziu-o até o quarto, jogou-o na cama.
Retirou suas roupas, jogando as peças em qualquer lugar, como só ele fazia. Bejou-o, ardentemente da cabeça aos pés.
Encostou seus lábios nos lábios dele; encostou seu umbigo no umbigo dele... encostou seu sexo no dele.
Amaram-se.
Ele entragava-se ao outro como jamais antes, de uma maneira quase etéra. Passado um certo tempo ( mais do que eles já estiveram juntos, se amando ), ouviam-se trovões, viam-se relâmpagos.
Uma tempestade caia lá fora, porém, inexplicavelmente, era sobre ela que a chuva agora caia. Sobre seu corpo negro como a noite, caiam as gotas de uma certa chuva branca.
Quando ele alcançou o orgasmo ( o mais intenso e maravilhoso de toda a sua vida ), tornaram-se a beijar-se. Depois, ele foi ao banheiro, afirmando que necessitava se lavar. Então, ouvindo apenas o som da água do chuveiro cair no chão do seu banheiro impecavelmente limpo, entregou-se ao sono.
Estava exausto.
Mas, justamente na hora em que ele dormiu, no sonho, acordou como se tivessem gritado o seu nome no meio da noite.
Acordou no meio da noite, suando frio, coração batendo forte, acelerado, mas conseguindo respirar. Teve um sonho estranho. Um sonho tão real quanto a cueca vermelha cor de sangue que...já não usava.
“Que ruído é esse?”, assustou-se, quando, depois de acalmado-se, ouviu um som vindo do banheiro: era o chuveiro que estava ligado.
Viu, para o seu espanto, a toalha azul que estava largada de qualquer maneira, como sempre acontecia, quando o seu falecido amor terminava o banho.
“Há certas coisas que, nem a morte pode mudar!”, foi o que se pegou pensando, enquanto uma pequena garoa caia lá fora.
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